terça-feira, setembro 04, 2012

E no meio do amor, tinha uma pedra. E essa pedra era a neurose.

Freud disse que amamos para não adoecer. E sim, ao que tudo indica isso é verdadeiro. Imagino que se você ainda não passou por isso, conheça alguém que já se curou das suas doenças ao se encantarem por um outro, nem que temporariamente. As dores das fibromialgias frequentemente diminuem ou deixam de existir quando se ama. As enxaquecas tornam-se muito mais raras. O sono é mais tranqüilo. A gastrite é mais generosa. Os cabelos mais brilhosos. A pele mais cheia de vida. E a vida é mais leve. Mas aí o ser humano, que não consegue se livrar da sua tendência de complicar as coisas, também conhecida em psicanálise como pulsão de morte, põe uma pedra no meio do caminho. Então o ciúme aparece, as desconfianças invadem, as demandas de amor são demasiadamente exigentes, as insatisfações voltam a dominar e as coisas tornam a desandar. É assim na maior parte dos relacionamentos, que nesse ponto, muitas vezes terminam, ainda que não acabem. (Pois, sim, há quem saiba que perdeu o amor, mas relute em terminar o relacionamento) As pessoas tendem a culpabilizar a falta de amor do outro por suas infelicidades. Mas ao que me parece o entendimento de o que é o amor, da forma como ele é sentido é muito mais decisivo para a felicidade do que efetivamente pela correspondência do amor. Ninguém acha que é amado tanto quanto ama. O ser humano está quase sempre clamando por mais amor. E se há um momento em que a pessoa sente-se amada tanto quanto queria, é o instante em que ela se sente sufocada. Porque o desejo está sempre a deslocar. Quando se consegue aquilo que se queria, o desejo já escapuliu, já está querendo outra coisa. E o amor é aquilo que nos dá acesso ao desejo. Mas é imprescindível mantê-lo aceso. Pois a realização de um desejo é a morte dele. Há sempre que se parir um novo. Ainda que tudo o que nasça esteja condenado à morte. Uma pequena minoria de pessoas acha-se capacitada, por sua constituição, a encontrar felicidade no caminho do amor. Freud

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